A gravidez é um momento marcado por muitas transformações no corpo da mulher e, embora a maioria dos casos evolua de forma saudável, algumas complicações podem surgir e representar riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Uma dessas condições, que ainda é pouco conhecida pela população em geral, é a síndrome de HELLP, uma complicação grave associada às doenças hipertensivas da gestação, como a pré-eclâmpsia.
Apesar de rara, a síndrome de HELLP é considerada uma emergência obstétrica, que pode evoluir rapidamente e gerar sérias consequências se não for diagnosticada e tratada a tempo. Caracterizada por alterações no fígado, destruição das células do sangue e queda na contagem de plaquetas, essa condição requer atenção, conhecimento e um acompanhamento pré-natal rigoroso.
Neste artigo, você vai entender, de forma clara e objetiva, o que é a síndrome de HELLP, além de conhecer suas causas, sintomas, riscos, formas de tratamento e as principais diferenças em relação à eclâmpsia. Portanto, se você está grávida, conhece alguém que esteja ou, ainda, deseja se informar melhor sobre saúde materna, continue a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre esse tema tão importante.
O que é a síndrome de HELLP?
A síndrome de HELLP é, antes de tudo, uma complicação grave e potencialmente fatal da gravidez, sendo considerada uma variante da pré-eclâmpsia. Por esse motivo, ela recebe esse nome devido às características clínicas observadas, que, por sua vez, são expressas pela sigla em inglês:
- H – Hemólise (quebra das hemácias)
- EL – Elevação das enzimas hepáticas (indício de sofrimento no fígado)
- LP – Baixa contagem de plaquetas (plaquetopenia)
Essa síndrome costuma se manifestar mais frequentemente no terceiro trimestre da gestação, mas também pode ocorrer no pós-parto imediato, geralmente nas primeiras 48 horas após o parto. É uma condição de emergência obstétrica que exige intervenção médica imediata para preservar a vida da mãe e do bebê.
O que provoca a síndrome de HELLP?
A origem exata da síndrome de HELLP ainda não é completamente conhecida. No entanto, sabe-se que ela está diretamente relacionada a alterações vasculares e imunológicas que comprometem a função endotelial (das paredes dos vasos sanguíneos), resultando em uma resposta inflamatória sistêmica.
As principais causas e fatores associados incluem:
- Disfunção endotelial: Lesão dos vasos sanguíneos que leva à ativação da coagulação e inflamação.
- Isquemia placentária: Ocorre quando há má perfusão da placenta, gerando liberação de substâncias inflamatórias que prejudicam o organismo materno.
- Desregulação imunológica: A resposta imunológica materna anormal frente à gravidez contribui para inflamação e danos vasculares.
- Fatores genéticos e predisposição individual: Histórico familiar de pré-eclâmpsia ou HELLP aumenta o risco.
- Doenças preexistentes: Hipertensão crônica, diabetes e doenças autoimunes elevam a chance de desenvolver HELLP.
Estudos, como os publicados no Scielo Brasil, indicam que cerca de 70% dos casos de HELLP surgem durante a gravidez, especialmente após a 27ª semana, e 30% ocorrem no pós-parto.
Sintomas da síndrome de HELLP
Os sintomas da síndrome de HELLP, por sua vez, podem ser facilmente confundidos com os de outras condições. Por isso, seu diagnóstico representa um grande desafio para os profissionais de saúde. Os sinais geralmente surgem de forma súbita e incluem:
- Dor intensa no lado direito superior do abdômen (região do fígado)
- Náusea e vômito constantes
- Mal-estar generalizado
- Cefaleia (dor de cabeça intensa)
- Visão turva ou borrada
- Edema (inchaço), principalmente nas mãos, rosto e pernas
- Sangramentos incomuns (gengivas, nariz ou hematomas fáceis)
- Pressão arterial elevada
- Fadiga extrema e dificuldade respiratória em casos mais graves
Com o agravamento do quadro, podem surgir complicações sérias, tais como insuficiência renal, ruptura hepática, descolamento prematuro da placenta e coagulação intravascular disseminada (CIVD).
Quais são os riscos da síndrome de HELLP?
A síndrome de HELLP oferece risco tanto para a gestante quanto para o bebê. Entre as complicações maternas, destacam-se:
- Ruptura do fígado
- Hemorragias severas
- Insuficiência renal aguda
- Edema agudo de pulmão
- Descolamento prematuro da placenta
- CIVD (distúrbio grave da coagulação)
- Eclâmpsia (convulsões)
- Óbito materno (em 1% a 24% dos casos, dependendo da gravidade)
Para o bebê, os riscos incluem:
- Prematuridade extrema (se o parto precisar ser antecipado)
- Baixo peso ao nascer
- Sofrimento fetal
- Óbito fetal intrauterino
Qual a diferença entre síndrome de HELLP e eclâmpsia?
Apesar de estarem relacionadas, a síndrome de HELLP e a eclâmpsia não são a mesma condição. Ambas fazem parte do espectro das doenças hipertensivas da gravidez, mas possuem características clínicas distintas:
Síndrome de HELLP | Eclâmpsia |
É uma complicação da pré-eclâmpsia caracterizada por hemólise, alteração hepática e plaquetopenia. | É a evolução da pré-eclâmpsia para convulsões (crises epilépticas) não atribuídas a outras causas neurológicas. |
Não necessariamente cursa com convulsões. | A principal manifestação é a convulsão, com risco imediato para mãe e bebê. |
Dor abdominal, alterações hepáticas e sangramentos são mais comuns. | Sintomas neurológicos predominam: convulsões, perda de consciência, coma. |
É mais silenciosa e muitas vezes subdiagnosticada. | Geralmente se apresenta de forma súbita e evidente. |
Além disso, é possível que uma mesma gestante apresente simultaneamente eclâmpsia e síndrome de HELLP, o que, consequentemente, aumenta significativamente os riscos para a mãe e o bebê.
Saiba mais em: Pré-eclâmpsia: O Que É, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento
Diagnóstico da síndrome de HELLP
O diagnóstico é clínico e laboratorial. Os critérios mais utilizados são os estabelecidos pelo Mississippi Triple-Class System, que incluem:
- Hemólise, comprovada por:
- Esquistócitos no sangue (fragmentos de hemácias)
- Aumento da bilirrubina indireta
- Aumento da desidrogenase lática (LDH) acima de 600 U/L
- Esquistócitos no sangue (fragmentos de hemácias)
- Elevação de enzimas hepáticas:
- TGO (AST) e TGP (ALT) maiores que 70 U/L
- TGO (AST) e TGP (ALT) maiores que 70 U/L
- Plaquetas baixas:
- Menor que 100.000/mm³ (podendo chegar a menos de 50.000 em casos graves)
- Menor que 100.000/mm³ (podendo chegar a menos de 50.000 em casos graves)
Além disso, exames complementares podem ser solicitados, como hemograma completo, testes de função renal e hepática, coagulograma, ultrassonografia obstétrica para avaliar o bem-estar fetal e avaliação do líquido amniótico e fluxo placentário.
Para garantir um diagnóstico preciso e um acompanhamento seguro, você pode realizar seus exames de sangue na Central de Consultas com toda a comodidade. Agende pelo nosso site ou pelo WhatsApp: (51) 3227-1515.
Tratamento da síndrome de HELLP
1. Estabilização materna
- Internação imediata em unidade hospitalar.
- Controle rigoroso da pressão arterial com anti-hipertensivos (como hidralazina, labetalol ou nifedipino).
- Prevenção de convulsões com sulfato de magnésio, mesmo que não haja eclâmpsia.
- Correção de distúrbios de coagulação com transfusão de plaquetas, se necessário.
2. Avaliação da viabilidade fetal
- Se a idade gestacional permitir (acima de 34 semanas), o parto costuma ser indicado o mais rápido possível.
- Entre 24 e 34 semanas, pode-se administrar corticoides para acelerar a maturação pulmonar do bebê (betametasona).
3. Realização do parto
- O parto é a única conduta definitiva para controlar a síndrome de HELLP.
- Dependendo da gravidade, pode ser cesárea ou parto vaginal, conforme condições maternas e fetais.
4. Cuidados no pós-parto
- Monitoramento intensivo nas primeiras 48 a 72 horas, pois complicações podem persistir ou se agravar no pós-parto imediato.
- Suporte para função renal, hepática e coagulação, se necessário.
Existe cura para a síndrome de HELLP?
A cura só ocorre após o parto. No entanto, o tratamento adequado e em tempo hábil é capaz de controlar a evolução da doença, reduzir os riscos e salvar vidas.
Após a resolução, as alterações laboratoriais costumam normalizar em até 7 dias, embora a recuperação total dependa da gravidade e das complicações ocorridas.
Quais médicos tratam a síndrome de HELLP?
O manejo da síndrome de HELLP, portanto, exige uma abordagem multidisciplinar. Para isso, é necessário reunir especialistas que possam atuar em diferentes frentes, a fim de garantir a segurança da mãe e do bebê. Entre os profissionais envolvidos, destacam-se:
- Em primeiro lugar, o obstetra especializado em gestação de alto risco, responsável pelo monitoramento constante da saúde materna e fetal, além de decisões sobre o momento adequado para o parto;
- Além disso, o hematologista, que atua quando há distúrbios significativos na coagulação do sangue e necessidade de controle rigoroso das plaquetas;
- Da mesma forma, o nefrologista, especialmente indicado nos casos em que a função renal está comprometida, garantindo suporte adequado;
- Por fim, o intensivista, em situações que demandam internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), oferecendo cuidados avançados e monitoramento contínuo.
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A síndrome de HELLP pode ser prevenida?
Não há uma forma 100% eficaz de prevenir a síndrome de HELLP, mas é possível reduzir o risco com:
- Pré-natal rigoroso, com acompanhamento regular e exames periódicos.
- Controle da pressão arterial e de doenças pré-existentes.
- Avaliação de fatores de risco nas consultas obstétricas.
- Uso de ácido acetilsalicílico (AAS) em baixas doses a partir da 12ª semana, conforme orientação médica, pode reduzir o risco de pré-eclâmpsia e, consequentemente, HELLP.
A síndrome de HELLP é uma condição grave, porém tratável, quando diagnosticada precocemente. A informação e o acompanhamento adequado durante o pré-natal são fundamentais para proteger a saúde da mãe e do bebê.
Se você está grávida ou conhece alguém que esteja, não deixe de reforçar a importância do acompanhamento com médicos especialistas em gestação de alto risco. Por isso, mantenha sempre suas consultas e exames em dia, contando com o suporte de uma equipe médica qualificada. Na Central de Consultas, você encontra profissionais preparados para acompanhar cada etapa da sua gestação com atenção e cuidado. Agende seu atendimento pelo nosso site ou WhatsApp (51) 3227-1515 e cuide da sua saúde com confiança e segurança.