Saiba mais sobre a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO)

A Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO) é uma complicação potencialmente grave associada ao uso de medicamentos para estimulação ovariana em tratamentos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV). Embora muitas mulheres passem por esse processo sem intercorrências, é fundamental conhecer os sinais, riscos e formas de prevenção para garantir um tratamento seguro.

O que é a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana?

A SHO ocorre quando os ovários respondem de forma exagerada às medicações hormonais utilizadas para estimular a produção de múltiplos folículos. Como resultado, essa resposta intensa pode levar ao aumento do tamanho dos ovários, ao acúmulo de líquidos no abdômen e em outros locais do corpo (como o pulmão), além de provocar alterações importantes nos vasos sanguíneos e em órgãos como rins e fígado.

Quem tem mais risco de desenvolver SHO?

Nem todas as mulheres apresentam risco elevado de desenvolver a síndrome. No entanto, alguns fatores podem aumentar consideravelmente as chances:

  • Idade jovem (menores de 30 anos);
  • Baixo índice de massa corporal (IMC);
  • Presença de síndrome dos ovários policísticos (SOP);
  • Alta contagem de folículos antrais ou altos níveis de estradiol;
  • Histórico anterior de SHO;
  • Uso de hCG (gonadotrofina coriônica humana) como gatilho de ovulação.

Portanto, identificar esses fatores de risco permite ao médico ajustar o protocolo de estimulação hormonal, assim reduzindo a probabilidade de complicações.

Diagnóstico e monitoramento da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana

A identificação precoce da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO) é essencial, pois permite evitar complicações graves e, ao mesmo tempo, garantir um tratamento eficaz. Nesse sentido, o diagnóstico é baseado em três pilares principais, cada um com papel complementar no acompanhamento da paciente.

1. Histórico clínico e do tratamento de fertilização

O primeiro passo para o diagnóstico da SHO é a avaliação do histórico da paciente, especialmente em ciclos de fertilização in vitro (FIV). O uso de hormônios indutores da ovulação, como gonadotrofinas, aumenta significativamente o risco da síndrome.

Sinais de alerta clínico incluem:

  • Dor ou distensão abdominal progressiva;
  • Náuseas, vômitos e sensação de mal-estar geral;
  • Ganho de peso rápido (geralmente >2 kg em 24 horas);
  • Redução do volume urinário ou urina escura;
  • Sensação de inchaço generalizado e dificuldade para respirar.

Dessa forma, esses sintomas, quando associados ao contexto do estímulo ovariano, devem sempre levantar a suspeita de SHO, especialmente entre o 5º e o 10º dia após o “trigger” (aplicação do hCG ou agonista de GnRH para induzir a ovulação).

2. Avaliação ultrassonográfica

O ultrassom transvaginal é o principal exame de imagem utilizado no diagnóstico e monitoramento da SHO. Ele permite observar:

  • Ovários aumentados, geralmente maiores que 10 cm de diâmetro, repletos de múltiplos folículos ou cistos;
  • Presença de líquido livre na cavidade abdominal (ascite), e em casos mais graves, também pode haver derrame pleural (líquido ao redor dos pulmões);
  • Deslocamento de estruturas pélvicas, provocado pelo aumento do volume ovariano.

A frequência dos exames de ultrassom pode variar conforme a gravidade do quadro. Em casos leves, o controle pode ser feito em consultório; nos mais severos, o monitoramento é feito em ambiente hospitalar com exames seriados.

3. Exames laboratoriais

Os exames de sangue são fundamentais para avaliar o impacto sistêmico da SHO no organismo. Os principais marcadores incluem:

  • Hemoconcentração: aumento do hematócrito (ex: >45%) indica desidratação e perda de fluido para o terceiro espaço;
  • Eletrólitos séricos: alterações nos níveis de sódio e potássio ajudam a avaliar o equilíbrio hidroeletrolítico;
  • Função renal: ureia e creatinina elevadas sugerem insuficiência renal aguda;
  • Função hepática: elevação de enzimas como TGO (AST) e TGP (ALT) pode indicar sobrecarga hepática;
  • Plaquetas e coagulograma: auxiliam na avaliação de risco de trombose ou sangramentos, que são complicações possíveis em casos graves.

Essas análises laboratoriais, combinadas ao exame clínico e à imagem, permitem classificar a SHO em:

  • Leve: sintomas leves, sem sinais laboratoriais importantes;
  • Moderada: ovários aumentados, ascite leve e sinais de desconforto moderado;
  • Grave: ascite volumosa, alterações laboratoriais importantes, risco de trombose, dificuldade respiratória ou comprometimento de órgãos vitais.

Sintomas da SHO: fique atenta aos sinais

Os sintomas da SHO variam conforme a gravidade da síndrome. Nos casos leves, os sinais podem ser discretos, mas à medida que a condição evolui, os sintomas tornam-se mais evidentes e preocupantes.

SHO leve a moderada:

  • Inchaço abdominal e desconforto;
  • Ganho de peso (mais de 1 kg em 24 horas);
  • Náuseas e vômitos leves;
  • Redução na quantidade de urina;
  • Sensibilidade abdominal.

SHO grave:

  • Dor abdominal intensa;
  • Dificuldade para respirar;
  • Vômitos persistentes;
  • Urina escassa ou ausente;
  • Tromboses venosas ou arteriais (casos raros);
  • Distensão abdominal acentuada.

Qualquer sintoma de gravidade exige atendimento médico imediato, preferencialmente em um centro especializado.

Tratamento da Síndrome de Hiperestimulação Ovariana

O tratamento da SHO depende da intensidade do quadro. Por sorte, a maioria dos casos é leve e, nessas situações, pode ser manejada de forma ambulatorial. No entanto, em casos graves, a internação hospitalar é fundamental para evitar complicações.

Casos leves a moderados:

  • Repouso relativo e evitar relações sexuais;
  • Hidratação oral abundante (2 litros ou mais por dia);
  • Analgésicos e antieméticos, sempre com orientação médica;
  • Monitoramento frequente com ultrassons e exames laboratoriais.

Casos graves:

  • Internação hospitalar imediata;
  • Hidratação venosa com controle de eletrólitos;
  • Avaliação da coagulação e uso de anticoagulantes, se necessário;
  • Paracentese (retirada de líquido do abdômen ou pulmões);
  • Monitoramento da função renal, hepática e respiratória.

Medicamentos e abordagens que ajudam na prevenção

Com o passar dos anos, o avanço da medicina reprodutiva permitiu criar estratégias eficazes para preveAo longo dos anos, o avanço da medicina reprodutiva possibilitou o desenvolvimento de estratégias eficazes para prevenir a Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHO), sobretudo em pacientes que apresentam risco elevado. Dessa forma, essas medidas são fundamentais para garantir maior segurança durante o tratamento.

Entre as principais medidas preventivas, destacam-se:

  • Protocolos individualizados com doses menores de gonadotrofinas: a adaptação das doses conforme o perfil de cada paciente ajuda a evitar a superestimulação dos ovários.
  • Uso de agonista de GnRH como gatilho, em vez de hCG: essa substituição reduz o risco de hiperestimulação ao promover a liberação do óvulo sem provocar estímulo excessivo.
  • Coasting (suspensão temporária dos hormônios): essa técnica consiste na interrupção temporária da medicação até que os níveis de estradiol diminuam, evitando uma resposta exagerada.
  • Protocolo “freeze-all”: o congelamento de todos os embriões para transferência posterior permite que o organismo da paciente se recupere antes da gestação, diminuindo complicações.
  • Uso de cabergolina: esse medicamento atua reduzindo a permeabilidade vascular, o que ajuda a prevenir o acúmulo excessivo de líquidos e o desenvolvimento da síndrome.
  • Monitoramento rigoroso por ultrassom e exames hormonais frequentes: o acompanhamento constante possibilita ajustes imediatos no tratamento, aumentando a segurança.

Assim, quando essas estratégias são aplicadas de forma adequada e integrada, elas minimizam significativamente a ocorrência da SHO, proporcionando maior tranquilidade tanto para a paciente quanto para a equipe médica.

Quanto tempo dura a SHO?

O tempo de duração da SHO varia de acordo com a gravidade do quadro e se houve gravidez.

  • Em casos leves, a regressão costuma ocorrer entre 7 a 14 dias após o trigger (aplicação do hormônio para ovulação);
  • Quando a gravidez é confirmada, a SHO pode durar de 2 a 3 semanas a mais, pois o hormônio hCG produzido pelo embrião prolonga os sintomas;
  • A recuperação completa costuma ocorrer em até quatro semanas, com acompanhamento adequado.

A Síndrome de Hiperestimulação Ovariana deixa sequelas?

Na imensa maioria dos casos, a SHO não deixa sequelas permanentes. Por isso, com o tratamento adequado, os ovários voltam ao tamanho normal e a função reprodutiva é preservada.

No entanto, em casos graves e não tratados corretamente, podem ocorrer complicações sérias, como:

  • Trombose venosa ou arterial (pulmonar ou renal);
  • Torção ou ruptura de cisto ovariano (com necessidade cirúrgica);
  • Insuficiência renal aguda;
  • Alterações hepáticas significativas.

Por isso, é essencial seguir todas as orientações médicas e manter acompanhamento rigoroso durante e após o tratamento de fertilidade.

Quando procurar atendimento médico?

Sinais que indicam urgência médica:

  • Ganho de peso superior a 1–2 kg em um dia;
  • Abdômen muito distendido;
  • Urina escassa ou ausente;
  • Falta de ar;
  • Dor abdominal intensa.

Diante desses sintomas, dirija-se imediatamente a um pronto-socorro ou entre em contato com a equipe de reprodução assistida.

A Síndrome de Hiperestimulação Ovariana é uma condição que exige atenção, mas que pode ser evitada e tratada com segurança. Com protocolos personalizados, monitoramento constante e equipe experiente, é possível conduzir tratamentos de fertilidade com risco minimizado e grandes chances de sucesso.

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