Como identificar e prevenir o câncer de pele?

No verão, enfrentamos as altas temperaturas e o sol intenso. Isso pode ser um perigo para a saúde em geral, mas, principalmente, para a pele. 

 

Entre as doenças que são provocadas ou agravadas pela exposição excessiva à radiação solar está o câncer de pele, um tipo de tumor maligno muito comum. Por isso, no último mês do ano, temos a campanha dezembro laranja, para o combate a essa doença. 

 

No texto de hoje, falamos um pouco mais sobre o câncer cutâneo, seus tipos, sintomas, tratamento e prevenção. Também, mencionamos a Regra do ABCDE, um importante autoexame que ajuda no diagnóstico da patologia. Confira!

 

Leia mais: Cuidados com a pele no verão!

 

O QUE É CÂNCER DE PELE

 

O câncer de pele é uma doença causada pelo crescimento anormal, descontrolado e acelerado das células que compõem esse órgão. O cancro atinge as duas camadas cutâneas (epiderme e derme). 

 

A patologia é provocada pelo excesso de exposição aos raios ultravioleta (UVA e UVB). Além de câncer de pele, esses raios também resultam em envelhecimento precoce e lesões oculares.

 

O cancro de pele é o tipo de tumor maligno mais comum no mundo e no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), ele corresponde a 34% dos diagnósticos de câncer no nosso país. A cada ano, 193 mil novos casos da doença são registrados em território nacional. 

 

Um dos motivos de essa neoplasia ter alta incidência na população brasileira é porque o país tem índice UV 11. Essa escala é utilizada para medir a radiação ultravioleta e os perigos para a saúde. A partir do índice 11, os raios UV são considerados de risco extremo.

 

TIPOS DE CÂNCER DE PELE

 

O câncer de pele pode ser dividido em duas categorias: não-melanoma e melanoma. A seguir, detalhamos o que cada classificação significa.

 

Câncer de pele não-melanoma (carcinoma)

 

Este é o tumor maligno de pele mais comum. Corresponde a, pelo menos, 95% dos diagnósticos desse câncer específico e 30% dos cânceres em geral, no Brasil. Ele é subdividido em dois tipos de tumores: carcinomas basocelulares e carcinomas espinocelulares.

 

O câncer não-melanoma é menos mortal e, se descoberto e tratado precocemente, as chances de cura podem chegar a 90%. Contudo, sem tratamento, resulta em complicações sérias, como metástase e deterioração, desfiguração e mutilação das áreas do corpo afetadas pelos nódulos. Esse cancro atinge mais de 93 mil mulheres e 83 mil homens a cada ano. 

 

Uma maneira de diagnosticar o câncer de pele não-melanoma é verificar se as manchas, pápulas e feridas coçam, ardem, descamam, sangram e demoram para cicatrizar.   

 

Carcinomas basocelulares (CBC) 

 

Representa 70% dos tumores malignos de pele, tem evolução lenta e é o tipo menos agressivo dessa doença. Começa nas células basais, localizadas na parte mais profunda da epiderme e que são responsáveis pela renovação celular da pele. 

 

O tumor pode ter aspecto de ferida ou nódulo e coloração esbranquiçada, rósea, avermelhada ou acastanhada. Quando é vermelho ou rosa, é um nódulo-ulcerativo com bordas irregulares e brilhoso. Tem, também, uma crosta no meio, que sangra facilmente

 

Quando é branco, é um pápula com aspecto perolado, como se fosse feita de cera. Já quando é marrom, tem textura escamosa e formato de mancha

 

Em alguns casos, o carcinoma basocelular pode ser confundido com outras lesões cutâneas, como dermatite atópica e psoríase. Por isso, o diagnóstico só pode ser feito por um médico dermatologista.

 

Leia mais: Dermatite atópica: causas e sintomas

 

O CBC é mais recorrente em áreas da pele que ficam expostas ao sol, como face, orelhas, couro cabeludo, pescoço, ombros e costas. Contudo, também pode atingir outras partes do corpo. Além da exposição solar sem proteção, esse subtipo de cancro pode ser provocado por bronzeamento artificial, quimioterapia e radioterapia. 

 

Carcinomas espinocelulares (CEC) 

 

Correspondem a 25% dos diagnósticos de câncer cutâneo e tem crescimento acelerado. Esse subtipo atinge os ceratinócitos (células escamosas da epiderme). 

 

Além dos raios ultravioleta, os carcinomas espinocelulares podem ser provocados por outros fatores. Como, por exemplo, uso de medicamentos imunossupressores, exposição a agentes químicos e radioativos e feridas crônicas e cicatrizes na pele. 

 

Por isso, os tumores podem se localizar em qualquer parte do corpo, como rosto, orelhas, couro cabeludo, pescoço, braços, pernas, genitais. Também, é comum aparecerem sobre cicatrizes e feridas, principalmente se provocadas por queimaduras. 

 

Os nódulos do CEC são semelhantes a verrugas ou feridas (às vezes, dolorosas) e tem cor avermelhada. Além disso, são espessos e pruriginosos (coçam), descamam e sangram com facilidade. Outra característica comum é a difícil cicatrização, mesmo no período de 4 a 6 semanas após o surgimento das feridas. 

 

O carcinoma espinocelular é mais comum em homens do que em mulheres. Também, tem mais chances de resultar em metástase do que o carcinoma basocelular, pois é mais agressivo. Contudo, ainda tem menor mortalidade do que o câncer melanoma.

 

Câncer de pele melanoma

 

Esse é o tipo de câncer de pele mais raro (chega a, no máximo, 5% dos casos), porém mais letal. Ele também apresenta maior risco de metástase do que os carcinomas. Entretanto, se diagnosticado precocemente e tratado corretamente, a probabilidade de cura também pode chegar a 90%.

 

O tumor melanoma se origina nos melanócitos (células produtoras de melanina, substância que determina a pigmentação da pele). Por isso, é mais comum em indivíduos de pele branca. 

 

As lesões têm formato de pintas, sinais ou manchas marrons ou pretas, que mudam de cor e podem sangrar. Elas também surgem em qualquer área da pele e das mucosas. Mas, são mais comuns na face e no pescoço, além de tronco (nos homens) e pernas (nas mulheres).  

 

Enquanto isso, em pessoas não-brancas, embora menos comum, os tumores malignos também podem surgir, mas com algumas particularidades. Geralmente, os nódulos aparecem nas partes com menor pigmentação no corpo (como palmas das mãos e plantas dos pés). 

 

Anualmente, são estimados 8.450 novos casos dessa neoplasia no Brasil. A incidência em homens e mulheres é bem equilibrada. São esperados 4.200 novos casos na população masculina e 4.250 novos diagnósticos na população feminina, segundo dados do INCA. 

 

QUAIS SÃO OS SINTOMAS DO CÂNCER DE PELE 

 

Os sintomas mais comuns desse câncer são as alterações na pele, a ver:

 

  • Pintas (semelhantes a verrugas), manchas, sinais ou feridas na pele. Aparecem, principalmente, nas áreas que ficam expostas ao sol, mas também podem surgir em qualquer parte do corpo;
  • Lesões rosas, vermelhas, marrons, pretas ou multicoloridas, translúcidas e brilhantes;
  • Lesões assimétricas, com bordas irregulares;
  • Feridas que não cicatrizam mesmo após 4 semanas;
  • Feridas ou manchas que coçam;
  • Mudança de coloração, formato e tamanho nas lesões. O crescimento é lento, mas progressivo e as pintas e sinais podem chegar a mais de 6mm;
  • Pintas e feridas com crostas no meio, erosões, e que descamam e sangram com facilidade.

 

Além disso, algumas pessoas podem ter outros sintomas, como, por exemplo:

 

  • Dor de cabeça;
  • Dor abdominal;
  • Falta de ar;
  • Tosse;
  • Aumento dos gânglios linfáticos.

 

REGRA DO ABCDE

 

Existe um teste para identificar se uma lesão cutânea é benigna ou maligna. Chama-se Regra do ABCDE e é recomendada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Funciona da seguinte maneira: 

 

  • A = Assimetria. Quando a pinta ou ferida é dividida em quatro partes, que não são iguais;
  • B = Bordas irregulares. Quando os contornos não são bem definidos;
  • C = Cores variáveis. Quando a lesão apresenta duas ou mais tonalidades;
  • D = Dimensão ou diâmetro. Lesões superiores a 6mm podem ser malignas;
  • E = Evolução. Quando a pinta ou ferida sofre modificações de cor, tamanho, formato, entre outras características (coceira, sangramento) ao longo do tempo.

 

Leia mais: Manchas na pele: Saiba quando procurar um médico!

 

Esse autoexame é importante para o diagnóstico precoce do câncer de pele. Caso você tenha alguma pinta, sinal, mancha ou ferida com características similares as da Regra do ABCDE, procure um dermatologista imediatamente

 

A confirmação de malignidade do tumor depende de análise clínica das lesões e mais alguns exames. Tem a dermatoscopia, que analisa as camadas mais profundas da pele, com detalhes e lente de aumento, feita por um aparelho chamado dermatoscópio. 

 

Há, também, a biópsia, quando uma parte dos tecidos que compõem o nódulo (e a região ao redor) é retirada e levada para análise laboratorial (avaliação anatomopatológica).  

 

FATORES DE RISCO 

  • Histórico familiar da doença;
  • Exposição excessiva aos raios solares sem proteção no dia a dia e/ou durante a infância e adolescência;
  • Exposição a câmaras de bronzeamento artificial;
    • Exposição a agentes químicos (arsênico);
    • Contato com radiação ionizante;
    • Uso de medicamento imunossupressores;
  • Pele branca;
  • Albinismo;
  • Vitiligo;
  • Xeroderma Pigmentoso;
  • Úlcera de Marjolin;
  • Outras doenças de pele;
  • Olhos e cabelos claros;
  • Grande número de pintas pelo corpo;
  • Ter 40 anos ou mais.

 

TRATAMENTO

 

O tratamento do câncer de pele depende de alguns fatores, como tipo, tamanho, evolução, localização e estadiamento do tumor. Ainda, outros aspectos como idade e condição de saúde do paciente também devem ser considerados. 

 

Para nódulos e manchas pequenas, em estágio inicial, pode ser realizada a cirurgia excisional. Isto é, retirada da lesão, do tecido ao redor e de linfonodos próximos a região. 

 

Porém, se o cancro atingir a face, por exemplo, outras técnicas cirúrgicas são utilizadas, como a curetagem (Cirurgia Micrográfica de Mohs). Dessa forma, cicatrizes grandes são evitadas, pois o tumor é raspado com cureta e não removido com bisturi.

 

Existem também outros procedimentos cirúrgicos, que não necessitam de cortes e sangramento. Exemplos disso são a cirocirurgia (congelamento do nódulo com nitrogênio líquido) e cirurgia a laser. São medidas úteis para câncer de pele com recidiva, isto é, quando os tumores são recorrentes.

 

Dependendo da situação do cancro e do paciente, as cirurgias podem ser arriscadas ou insuficientes. Então, outros tratamentos são recomendados, como a radioterapia (que pode ser utilizada em carcinomas ou melanomas). Em caso de metástase, quimioterapia e imunoterapia são indicadas. 

 

Seja qual for o tratamento, é importante que ele seja iniciado assim que o câncer for diagnosticado, para aumentar as chances de cura.

 

PREVENÇÃO

 

A primeira medida de prevenção contra o câncer de pele evitar a exposição ao sol sem proteção. É essencial usar protetor solar com fator mínimo de proteção 30 diariamente, reaplicando o produto, pelo menos, 3 vezes ao dia. 

 

Na praia, deve-se fazer a reaplicação a cada duas horas, mesmo com protetores a prova d’água. Para pessoas com pele muito clara e/ou doenças cutâneas, pode ser necessário utilizar filtro solar com FPS mais alto.

 

Acessórios como bonés ou chapéus e óculos escuros também são recomendados para a proteção contra raios ultravioleta. Em alguns casos, camisas de manga longa e calças também podem ser usadas para proteção solar. Se estiver na praia, prefira usar barracas de algodão ou lona, pois protegem melhor contra a radiação UV do que guarda-sóis ou barracas de nylon.

 

O horário de exposição solar também é muito importante. Evite tomar sol entre 10h e 16h, mesmo no inverno ou em dias nublados.

 

Leia mais: Dicas de cuidados com a pele no verão

 

Por fim, outra forma de prevenção é fazer consultas dermatológicas de rotina, no mínimo, uma vez ao ano. Além disso, caso você note o surgimento de pintas, manchas e feridas na sua pele, busque um dermatologista.

 

Na Central de Consultas, você agenda um atendimento dessa especialidade pelo site centraldeconsultas.med.br ou telefone (51) 3227-1515. Cuide da sua pele nesse dezembro laranja e no restante do ano também!

 

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