Corrimento amarelo: o que pode ser?

Corrimento amarelo: o que pode ser?

 

O corrimento vaginal pode ter diferentes razões, dependendo das suas características.

 

Existe o corrimento fisiológico, secreção produzida normalmente pelas glândulas do canal vaginal durante diferentes fases do ciclo menstrual. Esse fluido é importante para a lubrificação natural da vagina, que deve ocorrer durante toda a idade reprodutiva feminina. Além disso, a secreção auxilia na limpeza da região e ajuda a impedir infecções.

 

O corrimento fisiológico consiste em células mortas e microrganismos protetores da flora vaginal. Em condições normais, ele costuma ser transparente ou levemente esbranquiçado, semelhante à clara de ovo, sem odor ou com odor muito leve.

 

A sua quantidade varia de acordo com o clico menstrual, devido a ação do hormônio estrogênio. Alguns momentos em que o corrimento fisiológico aumenta são durante o período fértil, durante a gravidez e antes da primeira menstruação.

 

Contudo, em alguns casos, o corrimento vaginal pode estar associado a problemas ginecológicos. É sempre importante ficar atenta a secreções com as seguintes características:

  • Cor amarelada, esverdeada, amarronzada ou acinzentada;
  • Odor forte e desagradável;
  • Textura bolhosa ou purulenta;
  • Presença de outros sintomas na região íntima como coceira, ardor, dor, vermelhidão, inchaço ou sangramento.

 

Caso você observe alguns dos sinais descritos acima, procure um médico. Na Central de Consultas, é possível agendar atendimento de Ginecologia e exames pelo site centraldeconsultas.med.br ou telefone (51) 3227-1515.

 

No artigo de hoje, falaremos mais sobre o corrimento vaginal amarelo. Continue a leitura para saber mais sobre as causas, tratamentos e formas de prevenir essa condição.

 

O QUE SIGNIFICA CORRIMENTO AMARELO?

 

O corrimento amarelo pode ser sinal de infecção por bactéria, fungo ou protozoário. Porém, também pode ser sintoma de alguma mudança nos hormônios femininos e do ciclo menstrual. Para o diagnóstico correto, é necessário consultar com um ginecologista.

 

Além da coloração, são consideradas outras características. Por exemplo, se é um corrimento amarelo sem cheiro ou corrimento amarelo com cheiro. Demais sintomas como coceira vaginal, sangramento fora da menstruação e desconforto na micção e nas relações sexuais também são analisados.

 

Confira abaixo as principais explicações para o corrimento amarelado:

  • Tricomoníase;
  • Clamídia;
  • Gonorreia;
  • Doença inflamatória pélvica (DIP);
  • Cervicite crônica;
  • Vaginose bacteriana;
  • Ureterite;
  • Candidíase vaginal;
  • Ciclo menstrual e alterações hormonais;
  • Gravidez e pós-parto.

 

TRICOMONÍASE

 

A tricomoníase é uma IST causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis que, em mulheres, provoca inflamação da vulva e suas estruturas internas. A contaminação ocorre no contato sexual desprotegido (oral, vaginal ou anal). O micro-organismo pode ser transmitido por homens e mulheres, portanto, qualquer relação íntima sem preservativo é um risco.

 

Um dos principais sintomas de tricomoníase é o corrimento amarelo. Porém, em alguns casos, o corrimento é esverdeado, verde-acinzentado ou esbranquiçado. A secreção pode ser espumosa (semelhante a pus), espessa ou fina e abundante. Outra característica comum do corrimento de tricomoníase é o odor forte e desagradável (semelhante ao cheiro de peixe).

 

Outros sintomas de tricomoníase são:

  • Coceira intensa, inchaço e bolhas na região vaginal;
  • Vermelhidão intensa na vagina e no colo do útero;
  • Dor e sensação de queimação ao urinar;
  • Dor, ardor e sangramento durante o sexo.

 

Os sintomas da IST podem piorar na menstruação. Contudo, em algumas mulheres, a infecção é assintomática.

 

O tratamento de tricomoníase é feito com antibióticos, em comprimido ou pomada. No entanto, é importante que o parceiro sexual também realize o tratamento com antibiótico oral para evitar reinfecções.

 

Sem os cuidados médicos necessários, a tricomoníase pode afetar uretra, bexiga e outras partes do sistema reprodutor feminino. Além disso, ela facilita a infecção por outras IST e ainda pode estar associada ao câncer do colo do útero.

 

Leia mais: O que causa coceira vaginal e como tratar o problema

 

CLAMÍDIA

 

Clamídia é uma IST que pode atingir o colo do útero e provocar inflamação na região. Seu agente causador é a bactéria Chlamydia trachomatis. A infecção também pode ser transmitida de mãe para filho (transmissão vertical), durante a gestação ou parto, embora mais raramente.

 

A IST atinge homens e mulheres. Os sintomas femininos de clamídia são:

  • Corrimento amarelo ou corrimento amarelo-esverdeado, espesso e purulento. Em alguns casos, a secreção é abundante;
  • Dor durante o sexo;
  • Dor e ardor ao urinar;
  • Aumento da frequência urinária;
  • Sangramento fora do período menstrual, principalmente após as relações sexuais;
  • Coceira vaginal.

 

Contudo, na maioria das pessoas, a clamídia é assintomática. Portanto, é importante fazer testes de IST com frequência, principalmente após a exposição ao risco de infecção.

 

Pacientes e seus parceiros sexuais devem receber remédios antibióticos para tratar a clamídia.

 

Se não for tratada adequadamente, a IST causa doença inflamatória pélvica (DIP) e aumenta os riscos de infecção por HIV. Além disso, aumenta os riscos de gravidez ectópica (quando o embrião se desenvolve fora do útero e não sobrevive) e infertilidade. Na gravidez, essa infecção pode provocar aborto, prematuridade e problemas ao feto (incluindo pneumonia e cegueira).

 

Leia mais: Infecções sexualmente transmissíveis por bactérias

 

GONORREIA

 

Gonorreia é uma IST bacteriana causada pela bactéria gonococo (Neisseria gonorrhoeae). Em outras palavras, é uma infecção sexualmente transmissível causada por uma bactéria. Em estágio avançado, a infecção atinge o sistema reprodutor feminino e o trato urinário.  Por exemplo, pode causar infertilidade, gravidez ectópica e doenças inflamatórias pélvicas. A transmissão da gonorreia também pode ocorrer em qualquer relação sexual desprotegida e, com menos frequência, na gestação ou parto. Portanto, é importante usar preservativo em todas as relações sexuais, mesmo que sejam casuais.

 

Assim como a clamídia, a gonorreia atinge homens e mulheres. Entre os sintomas de gonorreia feminina está o corrimento amarelo ou corrimento verde, purulento, em quantidade abundante ou não. A secreção pode vir acompanhada de sangue, em alguns casos. Outros sinais da infecção são:

  • Dor pélvica nas relações sexuais;
  • Dor e sensação de queimação ao urinar;
  • Aumento da frequência urinária;
  • Sangramento fora da menstruação;
  • Coceira vaginal.

 

Contudo, na maioria das mulheres, a infecção é assintomática.

 

A gonorreia tem cura e o tratamento é feito com antibióticos. Além da paciente, é importante que seu parceiro também use os medicamentos para evitar reinfecções. Afinal, a gonorreia é uma IST perigosa que causa doença inflamatória pélvica, infertilidade e aumenta os riscos de infecção por HIV. A infecção pode atingir tubas uterinas, útero, colo do útero e vagina, além de uretra e ânus.

 

DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP)

 

É uma doença decorrente de infecção bacteriana prévia. As principais causas da doença inflamatória pélvica são IST como gonorreia e clamídia. A DIP ocorre quando as bactérias transmitidas em relações desprotegidas migram da vagina para o resto do sistema reprodutor feminino. Assim, a doença atinge útero, tubas uterinas e ovários.

 

Para algumas mulheres, a DIP pode ser assintomática. Mas, quando surgem sintomas, a secreção vaginal é um dos mais comuns. O corrimento da doença inflamatória pélvica é amarelo de cheiro forte e desagradável. Outros sintomas de DIP são:

  • Sangramento vaginal (principalmente durante ou após o sexo);
  • Dor pélvica e dor no pé da barriga;
  • Desconforto na micção;
  • Febre acima de 38°C.

 

O tratamento de doença inflamatória pélvica é feito com antibióticos pelo período de duas semanas, aproximadamente. Durante o tratamento, é recomendado evitar relações sexuais.

 

Se não for tratada o mais rápido possível, a DIP pode causar diversas complicações. Por exemplo, infertilidade, risco de gravidez ectópica e inflamação do peritônio (membrana que reveste a parede dos órgãos abdominais). Além disso, resulta em dor pélvica crônica e abscesso tubo-ovariano (cisto com pus entre as tubas uterinas e os ovários).

 

CERVICITE CRÔNICA

 

A cervicite é uma inflamação no colo do útero. A condição pode ser causada por diagnóstico prévio de infecções sexualmente transmissíveis (clamídia, gonorreia, HPV, herpes genital, Mycoplasma genitalium). Também pode ser provocada por infecção por Streptococcus, lesão no colo do útero ou alergias e irritações na região vaginal.

 

O corrimento da cervicite crônica é amarelado, esverdeado ou amarronzado, tem odor desagradável e é abundante. Os outros sintomas de cervicite são:

  • Dor no útero;
  • Dor e sangramento nas relações sexuais;
  • Sensação de queimação ao urinar;
  • Sangramento fora da menstruação;
  • inchaço e vermelhidão na região vaginal.

 

O tratamento da cervicite depende do agente causador do problema. Assim, em caso de inflamação infecciosa, utilizam-se remédios antibióticos ou antivirais. Por outro lado, já o tratamento de cervicite não-infecciosa consiste em acabar com o contato com o agente causador da irritação ou alergia.

 

Sem tratamento, as consequências da cervicite crônica são graves. A inflamação pode atingir todo o sistema reprodutor feminino, com infecções e doença inflamatória pélvica. Além disso, em estágio avançado, causa dor pélvica crônica, infertilidade e risco de gravidez ectópica.

 

VAGINOSE BACTERIANA

 

Existem diferentes bactérias na microbiota vaginal que, em condições normais, não trazem nenhum prejuízo à saúde.

 

Contudo, algumas situações podem provocar o desequilíbrio desses micro-organismos. Algumas causas para a transmissão de vaginose bacteriana são uso frequente de antibióticos, ducha íntima, má higiene, alergias e alterações hormonais. Nessas circunstâncias, várias bactérias crescem descontroladamente, especialmente a Gardnerella vaginalis, e alteram o pH da região íntima.

 

O corrimento da vaginose bacteriana pode ser levemente amarelo, cinza ou branco, bolhoso, fino e aquoso. A secreção pode ser expelida em pequena quantidade ou não. Além disso, o corrimento tem cheiro forte e desagradável (que piora na menstruação e após o sexo). Outros sintomas de vaginose bacteriana são:

  • Leve irritação, coceira e dor na vulva;
  • Ardor ao urinar.

 

Medicamentos antibióticos ou pomadas vaginais são usados para tratar a vaginose bacteriana. Se não tratada, essa infecção pode ser especialmente perigosa na gravidez, causando prematuridade ou infecção na bolsa amniótica.

 

URETRITE

 

Uretrite é uma inflamação na uretra que pode ser causada por infecções urinárias recorrentes, IST, má higiene íntima, alergias ou lesões uretrais.

 

A condição pode ser provocada por bactérias, principalmente a gonococos (gonorreia), quando é chamada de uretrite gonocócica. Existe também a uretrite não-gonocócica, quando a inflamação é decorrente de outras bactérias (clamídia ou E. coli). Outros possíveis agentes causadores do problema são produtos químicos e corpos estranhos.

 

Essa condição pode atingir mulheres e homens. Os sintomas de uretrite feminina são:

  • Corrimento amarelo-esverdeado;
  • Ardor ao urinar;
  • Dificuldade para iniciar o jato da urina;
  • Coceira na região íntima.

 

O tratamento de uretrite é feito com remédios antibióticos. Senão for tratada, a uretrite é grave e, em mulheres, causa doença inflamatória pélvica e infertilidade.

 

CANDIDÍASE VAGINAL

 

A candidíase vaginal é uma infecção causada pelo fungo Candida albicans. Esse micro-organismo faz parte da microbiota vaginal e, normalmente, não causa problemas de saúde. Mas, quando ele se prolifera descontroladamente, surge a candidíase.

 

O crescimento descontrolado de Candida pode ocorrer devido ao uso de antibióticos, estresse, diabetes, imunossupressão, lesões etc.

 

Na maioria das vezes, o corrimento da candidíase é branco espesso e em grumos (semelhante a leite coalhado), com ou sem cheiro. Contudo, em alguns casos, o fluido pode ser amarelo claro (ou seja, diferente das outras infecções que costumam ter corrimento amarelo-esverdeado).

 

Também existem outros sintomas de candidíase como:

  • Coceira vaginal;
  • Vermelhidão e inchaço na vulva e na vagina;
  • Ardor e dor na micção e no ato sexual.

 

Os sintomas costumam ser mais intensos durante o período pré-menstrual.

 

O tratamento de candidíase vaginal é feito com remédios antifúngicos orais, vaginais ou pomadas de uso tópico. No entanto,  é importante monitorar a infecção, pois a candidíase pode ser recorrente (candidíase de repetição). Nesse caso, o tratamento também deve ser preventivo de novos episódios. Além disso, como a candidíase não é IST, o parceiro sexual da paciente não precisa fazer o tratamento.

 

CICLO MENSTRUAL E ALTERAÇÕES HORMONAIS

 

É possível que a secreção tenha relação com diferentes fases do ciclo menstrual também. Corrimento amarelo pode ser indicativo de que a menstruação está próxima, pois nessa fase a vagina produz mais muco.

 

O corrimento amarelado também pode surgir no fim da menstruação. Geralmente, o fluido que segue esse período é transparente. Mas, em alguns casos, pode ser amarelo ou marrom pelo contato com algumas gotas de sangue. De qualquer forma, nessa situação, o corrimento é em pequena quantidade.

 

após o fim do período fértil, o corpo pode secretar um corrimento com leve amarelado e espesso, em pequena quantidade. Serve como limpeza para um novo ciclo menstrual.

 

O aspecto levemente amarelado ainda pode ser consequência do contato do corrimento fisiológico com resto de urina e o tecido da calcinha. Porém, nesse caso, a secreção não é acompanhada de outros sintomas.

 

Por fim, mulheres na menopausa podem notar um corrimento amarelo-acastanhado também. Isso ocorre devido às mudanças hormonais desse período, que alteram a lubrificação vaginal.

 

GRAVIDEZ E PÓS-PARTO

 

O corrimento amarelo na gravidez está relacionado a maior produção de muco cervical (tampão mucoso). Contudo, é importante ficar atenta a esse tipo de secreção, principalmente, se o corrimento for amarelo mais escuro. Afinal, isso pode ser sinal de infecção, incluindo tricomoníase, clamídia ou gonorreia, que causam problemas no parto e ao feto.

 

Já o corrimento amarelo pós-parto pode ser decorrente da cicatrização da placenta (processo chamado de loquiação). A secreção contém sangue, muco e restos de tecido do útero. Assim, a cor do fluido é vermelha no início e, aos poucos, vai clareando, até tornar-se amarelada e desaparecer.

 

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

 

O ginecologista examina o colo do útero da paciente e coleta uma amostra da secreção. Em seguida, é realizada a análise de cultura para identificar as bactérias ou fungos presentes no corrimento. No entanto, o médico também pode solicitar outros exames laboratoriais antes de confirmar o diagnóstico.

 

COMO PREVENIR O CORRIMENTO AMARELO?

 

  • Use camisinha em todas as relações sexuais;
  • Mantenha a higiene correta da região íntima;
  • Use sabão neutro sem perfume para a higiene íntima e lavagem de calcinhas;
  • Troque o absorvente com frequência;
  • Evite utilizar absorventes diários;
  • Use o papel higiênico no sentido da vagina em direção ao ânus;
  • Evite o uso de duchas vaginais;
  • Mantenha as roupas íntimas secando em locais arejados;
  • Use calcinhas de algodão;
  • Evite usar calças e shorts apertados;
  • Mantenha hábitos de vida saudáveis;
  • Nunca utilize antibióticos sem recomendação médica;
  • Consulte com ginecologista regularmente.

 

Fique atenta a sintomas como corrimento amarelo com cheiro e marque uma consulta ginecológica. Na Central de Consultas, você agenda um atendimento de Ginecologia pelo site centraldeconsultas.med.br ou telefone e Whatsapp (51) 3227-1515. Você ainda pode fazer exames de IST (incluindo clamídia). Saiba mais em centraldeconsultas.med.br/exames/exames-laboratoriais.

 

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