Febre, dores e manchas vermelhas pelo corpo podem ser sintomas de dengue! Esta infecção viral é perigosa e, em estágio avançado, causa hemorragias.
No artigo de hoje, falaremos sobre as principais características da doença. Continue a leitura para saber mais sobre exames e testes de dengue, além de modos de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti. Abaixo, abordaremos os seguintes tópicos:
- O que é dengue?
- Ciclo da dengue;
- Como ocorre a transmissão?
- Quais são os sintomas?
- O que é dengue hemorrágica?
- Fatores de risco para dengue hemorrágica
- Tratamento;
- Prevenção;
- Exames.
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O QUE É DENGUE?
A dengue é uma doença infecciosa aguda, causada pelo vírus DENV (um tipo de arbovírus, transmitido por mosquitos). A patologia é bastante comum no verão e nos meses mais chuvosos.
O principal agente causador é a fêmea do mosquito Aedes aegypti. Este inseto ainda transmite Zika, Chikungunya e febre amarela urbana (FAU).
O mosquito Aedes albopictus também é capaz de transmitir a dengue, mais raramente. Contudo, no Brasil, não há registros de infecções causadas por este inseto.
A dengue pode atingir pessoas de todas as idades. Mas, assim como outras doenças virais, é uma infecção mais perigosa para idosos, crianças, gestantes e pessoas com comorbidades.
CICLO DA DENGUE
O ciclo de transmissão no Brasil ocorre da seguinte maneira:
- Fêmea do mosquito Aedes aegypti pica uma pessoa infectada pelo vírus da dengue;
- O vírus é ingerido pelo mosquito;
- Após alguns dias (de 8 a 12 dias depois do contato com o vírus), o aegypt infectado passa a transmitir a dengue;
- Uma vez infectado, o mosquito permanece com o vírus até o fim de sua vida (em torno de 30 a 45 dias);
- A partir disso, o aegypti transmite o vírus da dengue picando pessoas não infectadas;
- O vírus também se espalha quando o mosquito se reproduz. A fêmea do aegypti pode colocar até 450 ovos ao longo da vida. Destes, entre 30% e 40% já estão infectados.
O vírus possui 4 sorotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, que podem circular simultaneamente.
COMO OCORRE A TRANSMISSÃO DA DENGUE?
Os mosquitos Aedes aegypt infectados pelo vírus da dengue estão concentrados em áreas urbanas, primordialmente. Como dito anteriormente, os casos de dengue aumentam nos períodos mais chuvosos. Isso porque a transmissão da doença está relacionada à proliferação do mosquito em água parada.
A fêmea do A. aegypti põe ovos em recipientes que ficam expostos à chuva e acumulam água. Como, por exemplo:
- Telhas;
- Calhas;
- Caixas d’água;
- Pratos sob vasos de plantas;
- Baldes e bacias;
- Garrafas vazias;
- Latas vazias;
- Pneus;
- Piscinas sem cloro e sem filtragem.
Também é possível que o mosquito coloque ovos em criadouros naturais, como plantas que acumulam muita água (bromélias, bambus). Buracos em árvores também podem ser focos de Aedes aegypti.
Quando entram em contato com a água, os ovos eclodem rapidamente. O ciclo de vida do mosquito da dengue possui 4 etapas: ovo, larva, pupa e adulto.
Em altas temperaturas, o Aedes aegypti se desenvolve mais rapidamente (levando de 8 a 10 dias para chegar à fase adulta). Já em temperaturas baixas, o desenvolvimento do mosquito pode demorar até 20 dias para se completar. Portanto, no verão, os riscos de epidemias de dengue são altos.
Contudo, é necessário manter os cuidados com recipientes que acumulam água parada em todas as estações. Isso porque os ovos do mosquito podem sobreviver por um ano no ambiente.
Como já dito, o vírus tem 4 subtipos. Após a cura de uma infecção de dengue, a imunidade contra o sorotipo adquirido é vitalícia. Ou seja, mesmo que a pessoa volte a ter contato com o mesmo sorotipo, não há risco de reinfecção.
Entretanto, é possível haver reinfecção por outros sorotipos. Assim, um mesmo indivíduo pode ter dengue até 4 vezes ao longo da vida. Quanto maior o número de reinfecções, maiores são os riscos de agravamento da doença (dengue hemorrágica) e morte.
A picada do Aedes aegypti é responsável pela maioria das infecções. Raramente, a dengue passa de uma pessoa para outra em apenas duas circunstâncias: de mãe para filho na gestação e por transfusão de sangue.
Portanto, não há infecção por água ou alimentos contaminados, contato com pessoas infectadas e contato com secreções de pessoas com o vírus.
QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
A dengue pode ser assintomática (infecção subclínica). Contudo, quando surgem os sintomas, estes podem ser brandos ou graves. Um diagnóstico de dengue leve costuma ter os seguintes sinais:
- Febre acima de 38°C;
- Dor de cabeça intensa;
- Dor atrás dos olhos (dor que piora com a movimentação dos olhos);
- Dores corporais (músculos, ossos e articulações);
- Mal-estar e franqueza intensa;
- Falta de apetite e perda de paladar;
- Náusea, vômito e diarreia;
- Tontura;
- Glândulas inchadas;
- Manchas ou erupções vermelhas pelo corpo (semelhante a sarampo), principalmente no tórax, braços e pernas. As manchas podem causar coceira ou não.
A febre alta costuma ser o primeiro sintoma e dura de 2 a 7 dias. A infecção leva em torno de 10 dias para desaparecer, geralmente. Contudo, é possível que haja um período de convalescença, após a cura da doença, que dure algumas semanas. Neste momento, a pessoa pode sentir uma grande debilidade física.
Porém, em alguns casos, entre o 3º e o 7º dia de sintomas, surgem os sinais de alarme da doença. Estes podem significar que a dengue evoluiu para um quadro mais grave, chamado de dengue hemorrágica.
O QUE É DENGUE HEMORRÁGICA?
Dengue hemorrágica é o estado avançado da infecção por um dos sorotipos do vírus DENV. É caracterizada por sangramentos, podendo resultar em extravasamento do plasma sanguíneo e, posteriormente, disfunção dos órgãos e choque.
Os sintomas de alerta para dengue hemorrágica são:
- Sangramento intenso nas mucosas (nariz, boca, gengiva, ouvidos, intestino);
- Sangue na urina;
- Sangue nas fezes;
- Olhos avermelhados;
- Dor abdominal intensa e contínua;
- Vômitos persistentes (pode haver sangue no vômito);
- Queda de pressão ao mudar de posição corporal (hipotensão postural);
- Insuficiência circulatória (pulso rápido e fraco);
- Pele pálida, fria e úmida;
- Confusão mental;
- Perda da consciência e dos sentidos;
- Convulsões;
- Sede extrema e boca seca;
- Dificuldade para respirar;
- Acúmulo de líquido no organismo;
- Aumento do fígado.
Alguns sintomas ainda podem variar de pessoa para pessoa. Por exemplo, alguns indivíduos com dengue hemorrágica têm perda de força muscular, letargia e sonolência. Já outras pessoas podem observar agitação e irritabilidade.
Ao surgirem sintomas de dengue (mesmo que de forma leve), é necessário buscar atendimento médico. A dengue leve não causa morte, mas a dengue grave tem 3% de chances de resultar em óbito, aproximadamente. Inclusive, em caso de choque, a dengue hemorrágica pode matar em um curto período (dentro de 24 horas).
FATORES DE RISCO PARA DENGUE HEMORRÁGICA
O principal fator de risco para o desenvolvimento de dengue hemorrágica é a reinfecção por outro sorotipo da doença. Ou seja, na maioria das vezes, a segunda infecção por dengue é mais grave do que a primeira. Isso ocorre principalmente se o sorotipo da reinfecção for o DENV-2.
Além disso, idosos, crianças e gestantes também têm mais chances de desenvolver dengue grave. Ainda fazem parte do grupo de risco para a patologia as pessoas com doenças crônicas (hipertensão, diabetes, asma, anemia falciforme).
TRATAMENTO
Não existe um medicamento específico para a dengue. Portanto, o tratamento da doença é sintomático. Para pessoas com sintomas leves, é recomendado repouso e ingestão de líquidos (água, sucos naturais e chás).
Com recomendação médica, remédios como analgésicos e antitérmicos podem ser utilizados para diminuir febre e dor. Contudo, há remédios que não se pode tomar quando se está com dengue: ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, como AAS e aspirina. A razão para isso é que estes medicamentos podem aumentar os riscos de hemorragias.
Já quadros graves de dengue podem precisar de internação hospitalar. Isto é necessário quando o paciente requer hidratação intravenosa ou em caso de sangramentos e disfunção dos órgãos. Extravasamento do plasma, aumento de líquido no organismo e choque são outras condições que devem ser tratadas em hospital.
A identificação precoce da dengue impede que a doença evolua e resulte em morte. Portanto, ao surgirem sintomas, procure um médico clínico geral ou infectologista. A dengue pode ser confundida com outras infecções virais, assim, só a avalição profissional pode fazer o diagnóstico correto.
PREVENÇÃO
Ainda não existe vacina de dengue no SUS, embora esta esteja em estudo. Entretanto, é possível fazer a vacinação na rede privada. Há duas vacinas da dengue disponíveis nas clínicas particulares: Dengvaxia e QDenga.
A Dengvaxia é feita em 3 doses (com intervalo de 6 meses entre as aplicações) e está disponível para pessoas de 6 a 45 anos. Porém, é uma vacina realizada apenas em indivíduos que já foram previamente infectados por um sorotipo de dengue. Portanto, não é voltada a quem ainda não teve a doença.
Já a QDenga é completada em duas doses (com intervalo de 3 meses entre elas). Pessoas de 4 a 60 anos, que tiveram ou não o vírus da dengue, podem realizar a vacinação.
Entretanto, existem contraindicações para as vacinas de dengue. Grávidas, mulheres que estão amamentando, pessoas com o sistema imunológico comprometido e indivíduos alérgicos aos componentes da vacina não devem receber as doses.
Além da vacinação, a melhor forma de combater a doença é impedindo a proliferação do mosquito Aedes aegypti.
Para prevenir a dengue é necessário remover a água parada dos recipientes regularmente. Ademais, é importante manter objetos como caixas d’água, garrafas e latas sempre tampados para evitar o acúmulo de chuva.
Limpar as piscinas com frequência (removendo matéria orgânica da água) também é essencial. Inclusive, é preciso prestar atenção na quantidade adequada de cloro ou água sanitária necessária para o tamanho da piscina. Afinal, 2ml desses produtos químicos por litro de água ajudam a impedir a sobrevivência das larvas de Aedes aegypti.
Também existem repelentes específicos contra o mosquito da dengue, disponíveis em farmácias. Ainda assim, acabar com os criadouros do A. aegypti com água parada é uma prioridade no combate à doença.
EXAMES
O diagnóstico é feito com análise dos sintomas e exames (realizados a partir de coleta sanguínea). Existem exames feitos em laboratório e teste rápido.
Entre os exames de laboratório estão:
- Sorologia: avalia o soro sanguíneo. Detecta anticorpos para o vírus da dengue e identifica o sorotipo da infecção;
- Virologia: detecta o material genético do vírus (genoma) e seu sorotipo através de isolamento viral;
- Hemograma: avalia o aumento de células do sistema imune (linfócitos), uma reação do organismo para combater infecções;
- Coagulograma: analisa a capacidade de coagulação do sangue. Assim, consegue detectar riscos de dengue hemorrágica.
É recomendado que a coleta de sangue para os exames seja feita em até 5 dias após o início dos sintomas.
Também há a opção de fazer o teste rápido de dengue, disponível em farmácia, laboratório e no SUS. Este exame é feito com a coleta de uma gota de sangue e é capaz de identificar o sorotipo do vírus da dengue. O resultado fica pronto em torno de 20 a 30 minutos.
O teste rápido pode ser feito já no 2º dia de sintomas. Para realizá-lo não é necessário fazer jejum previamente.
Caso você tenha sintomas de dengue, é importante buscar atendimento médico imediatamente. Mesmo que os sinais sejam leves, agende uma consulta de Clínico Geral ou Infectologia.
Na Central de Consultas, é possível marcar atendimento com estas especialidades pelo site centraldeconsultas.med.br ou telefone e WhatsApp (51) 3227-1515. Você também pode agendar hemograma completo e outros testes laboratoriais. Consulte os exames disponíveis em: centraldeconsultas.med.br/exames/te/laboratoriais.
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