Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): Entenda a Condição e Sintomas

As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) são condições crônicas que provocam inflamações recorrentes no trato gastrointestinal, especialmente no intestino. As duas formas mais comuns são a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Ambas interferem diretamente na qualidade de vida dos pacientes e exigem acompanhamento médico contínuo.

O Que São as Doenças Inflamatórias Intestinais?

As DIIs são caracterizadas por uma resposta inflamatória anormal do sistema imunológico no intestino. Elas afetam milhões de pessoas em todo o mundo, podendo surgir em qualquer idade, embora sejam mais frequentes entre os 15 e 40 anos. A Doença de Crohn pode acometer qualquer parte do trato digestivo, da boca ao ânus, enquanto a Retocolite Ulcerativa restringe-se ao cólon (intestino grosso) e reto.

Causas e Fatores de Risco: O que está por trás das DIIs?

Apesar dos avanços na medicina, a origem exata das Doenças Inflamatórias Intestinais — como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa — ainda não é completamente compreendida. No entanto, acredita-se que o desenvolvimento dessas condições envolva uma combinação complexa de predisposição genética, alterações no sistema imunológico e fatores ambientais. Vamos entender melhor cada um deles:

Fatores Genéticos

Estudos indicam que ter um parente de primeiro grau com DII aumenta significativamente o risco de desenvolver a doença. Diversos genes já foram associados às DIIs, especialmente aqueles relacionados à regulação da resposta imunológica intestinal. A genética, no entanto, não é o único fator — muitas pessoas com predisposição genética nunca desenvolvem a doença.

Desregulação Imunológica

Entre os diversos fatores envolvidos, um dos aspectos centrais das DIIs é o mau funcionamento do sistema imunológico. Nesse contexto, por motivos ainda não totalmente esclarecidos, o organismo passa a atacar componentes naturais da microbiota intestinal — bactérias que, em condições normais, convivem de forma harmônica no intestino. Como resultado, essa resposta imunológica exagerada provoca inflamações crônicas na mucosa intestinal, que, por sua vez, caracterizam a doença.

Fatores Ambientais

O ambiente em que vivemos e os hábitos de vida também desempenham um papel importante. Entre os fatores mais associados ao surgimento e agravamento das DIIs, destacam-se:

  • Tabagismo: é um importante fator de risco para Doença de Crohn e pode piorar os sintomas. Curiosamente, o cigarro parece ter efeito oposto na Retocolite Ulcerativa, embora esse “efeito protetor” não justifique, de forma alguma, seu uso.
  • Dieta ocidentalizada: rica em alimentos ultraprocessados, gorduras saturadas, açúcares refinados e pobre em fibras. Essa alimentação pode alterar negativamente a microbiota intestinal e favorecer inflamações.
  • Uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): medicamentos como ibuprofeno e diclofenaco, quando usados em excesso, podem prejudicar a mucosa intestinal e aumentar a vulnerabilidade a inflamações.
  • Infecções gastrointestinais anteriores: episódios de gastroenterite bacteriana ou viral podem desencadear ou agravar quadros de DII em pessoas predispostas.
  • Estresse crônico: embora não seja uma causa direta, o estresse pode desencadear crises, aumentar a frequência dos sintomas e afetar negativamente a resposta ao tratamento.

Exposição Precoce e Fatores do Início da Vida

Evidências recentes apontam que a forma como o intestino se desenvolve nos primeiros anos de vida pode influenciar o risco de DII no futuro. Alguns fatores associados a esse risco incluem:

  • Nascimento por cesariana: pode alterar a formação inicial da microbiota intestinal do bebê, que normalmente é povoada pelas bactérias da mãe durante o parto normal.
  • Uso precoce e frequente de antibióticos na infância: afeta negativamente a diversidade das bactérias intestinais, o que pode predispor a uma resposta inflamatória desregulada ao longo da vida.

Principais Sintomas das DIIs

Os sintomas podem surgir de forma leve ou severa, variando entre crises agudas e períodos de remissão. Entre os mais comuns, estão:

  • Dor abdominal persistente ou em cólicas;
  • Diarreia crônica, por vezes com sangue ou muco;
  • Fadiga extrema;
  • Perda de peso involuntária;
  • Febre recorrente;
  • Anemia e deficiências nutricionais.

Em alguns casos, também há manifestações extraintestinais, como dores articulares, lesões de pele, aftas e problemas oculares.

Diagnóstico: Como Saber se Tenho DII?

De modo geral, o diagnóstico das Doenças Inflamatórias Intestinais é baseado na combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem. Esses exames, por sua vez, ajudam a confirmar a inflamação, identificar lesões e diferenciar entre Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. Entre os principais exames, destacam-se:

  • Exames de sangue: avaliam a inflamação (PCR, VHS) e possíveis anemias ou deficiências nutricionais (hemograma completo);
  • Exames de fezes: calprotectina fecal (marcador de inflamação intestinal), parasitológico e cultura para descartar infecções;
  • Colonoscopia e endoscopia com biópsia: permitem visualizar o intestino e coletar amostras para análise do tecido;
  • Exames de imagem (TC e RM): úteis para avaliar a extensão da inflamação, presença de fístulas, estenoses ou abscessos;
  • Testes sorológicos: como p-ANCA (mais comum na Retocolite) e ASCA (associado à Doença de Crohn), que ajudam na diferenciação dos tipos de DII.

Tratamento: Como Controlar as Doenças Inflamatórias Intestinais?

Apesar de não haver cura definitiva, é possível controlar a doença e manter uma boa qualidade de vida. As abordagens terapêuticas incluem:

1. Medicamentos

  • Aminossalicilatos (5-ASA): reduzem a inflamação intestinal;
  • Corticosteroides: para controle de crises agudas;
  • Imunossupressores: como azatioprina e metotrexato;
  • Biológicos: anticorpos monoclonais como infliximabe e adalimumabe bloqueiam a resposta imunológica.

2. Cirurgias

Indicadas em casos refratários ou com complicações como:

  • Estreitamentos severos (estenoses);
  • Perfurações e abscessos;
  • Hemorragias incontroláveis;
  • Câncer de cólon associado à doença.

3. Suporte Nutricional

Acompanhamento com nutricionista é essencial para:

  • Corrigir carências vitamínicas (ferro, B12, ácido fólico);
  • Adequar a ingestão calórica;
  • Testar dietas de eliminação (sem glúcen/lactose);
  • Avaliar uso de suplementos.

Alimentação e Doenças Inflamatórias Intestinais

Embora não exista uma dieta única para todos, certos alimentos podem piorar os sintomas. Recomenda-se:

  • Evitar industrializados, embutidos e alimentos com conservantes;
  • Reduzir lactose e glúcen se houver intolerância;
  • Priorizar alimentos cozidos, macios e pobres em fibras insolúceis em fases ativas;
  • Aumentar gradualmente frutas, legumes e fibras solúceis nas remissões.

O suporte nutricional individualizado faz toda a diferença — contar com orientação profissional pode ajudar a adaptar a dieta às necessidades do seu corpo, promovendo mais conforto e qualidade de vida no dia a dia com DII. 

Na Central de Consultas, você pode agendar uma consulta com nutricionistas de forma rápida e prática, pelo nosso site ou WhatsApp (51) 3227-1515. Cuidar da alimentação é um passo essencial para viver melhor, com preços que cabem no seu bolso.

Doenças Inflamatórias Intestinais em Crianças, Adolescentes e Idosos

As Doenças Inflamatórias Intestinais, embora mais comuns entre os 15 e 40 anos, também podem afetar pessoas fora dessa faixa etária, exigindo cuidados específicos conforme a idade:

  • Crianças: quando diagnosticadas na infância, as DIIs podem interferir diretamente no crescimento e desenvolvimento. O processo inflamatório crônico e a má absorção de nutrientes podem levar à desnutrição, atraso na puberdade e comprometimento da estatura. Por isso, o acompanhamento com pediatra e nutricionista é essencial para garantir o desenvolvimento saudável.
  • Adolescentes: Além dos impactos físicos, a adolescência é um período de intensas mudanças emocionais e sociais. Por isso, lidar com uma doença crônica nessa fase pode afetar a autoestima, provocar isolamento social e, consequentemente, prejudicar o rendimento escolar. Nesse sentido, o apoio psicológico e uma rede de suporte familiar fazem grande diferença.
  • Idosos: o diagnóstico de DII após os 60 anos é menos frequente, mas não raro. Nessa população, a presença de outras comorbidades (como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares) pode dificultar o tratamento. Além disso, o uso concomitante de múltiplos medicamentos aumenta o risco de interações e efeitos adversos. A atenção deve ser redobrada para ajustes de medicação e acompanhamento clínico regular.

DII, Gravidez e Fertilidade

Muitas mulheres com Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa se preocupam com a possibilidade de engravidar e manter uma gestação saudável. Felizmente, a maioria pode engravidar normalmente, desde que alguns cuidados sejam tomados:

  • Planejamento pré-gestacional: é recomendado que a gravidez ocorra durante um período de remissão da doença, pois isso reduz riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.
  • Acompanhamento multidisciplinar: Nesse contexto, o ideal é que a mulher seja acompanhada por um gastroenterologista e um obstetra com experiência em gestação de alto risco. Dessa forma, essa equipe poderá avaliar a atividade da doença, realizar possíveis ajustes terapêuticos e monitorar o estado nutricional da paciente.
  • Medicamentos: alguns fármacos utilizados no controle das DIIs são seguros na gestação, enquanto outros podem oferecer riscos e precisam ser substituídos. Por isso, nunca se deve interromper ou modificar o tratamento sem orientação médica.
  • Riscos na gestação: Quando a doença está ativa, consequentemente aumenta-se o risco de aborto espontâneo, parto prematuro e baixo peso ao nascer. Por isso, a manutenção do controle inflamatório torna-se o principal fator protetor durante esse período.

Doenças Inflamatórias Intestinais e Risco de Câncer Colorretal

Pacientes com Doença de Crohn que acomete o cólon ou com Retocolite Ulcerativa extensa apresentam maior risco de desenvolver câncer colorretal, especialmente com o passar dos anos:

  • O risco se torna mais relevante após 8 a 10 anos de diagnóstico, sobretudo quando a inflamação é contínua e extensa.
  • Colonoscopias de vigilância são recomendadas periodicamente (geralmente a cada 1 ou 2 anos, dependendo do caso), com coleta de biópsias para análise de possíveis displasias — alterações celulares que podem preceder o câncer.
  • O diagnóstico precoce de lesões suspeitas aumenta significativamente as chances de sucesso no tratamento e evita complicações graves.
  • Pacientes com histórico familiar de câncer de cólon ou outras condições inflamatórias associadas (como colangite esclerosante primária) devem iniciar essa vigilância ainda mais cedo.

As Doenças Inflamatórias Intestinais não precisam ser sinônimo de sofrimento constante. Com acompanhamento especializado, informação correta e apoio multidisciplinar, é possível viver com saúde e qualidade de vida.

Conte com a Central de Consultas para o cuidado completo da sua saúde: agende suas consultas com gastroenterologistas, nutricionistas e outros especialistas pelo nosso site ou WhatsApp (51) 3227-1515. Estamos aqui para ajudar você a viver bem, todos os dias.

Compartilhar: